Tanto para os atletas que estão começando quanto para os mais experientes, a pressão para obter os resultados que desejam pode afetar a performance.
Inicialmente, todo o tipo de ideia e imagem ligada ao fracasso passa pela cabeça de quem está competindo em busca de melhorias e vitórias. Ao mesmo tempo, o frio na barriga é natural e aparentemente incontrolável. Porém, em algumas circunstâncias da vida, o atleta está vivendo situações externas ao esporte que também podem atrapalhar o seu desempenho.
Atualmente, a ciência tem avançado bastante e encontrado perguntas e respostas que nos possibilitam entender as falhas e insucessos em momentos de pressão. No entanto, tecnologias de imagens do cérebro e técnicas sofisticadas para estudar problemas de desempenho tornaram possíveis explicar como e por que ocorre o bloqueio e a baixa performance tanto em atletas como em não atletas.
Os tipos de falha na performance
Existem basicamente dois tipos de falhas que acometem as pessoas em momentos cruciais. A primeira delas é uma falha ligada à área intelectual. Pense em uma apresentação ao vivo na universidade, uma venda importante para um cliente, ou quem sabe, ir a um encontro com alguém pela primeira vez. Em todas essas situações, nossa memória está voltada para a performance linguística, isso é, vamos ter que falar.
Em contrapartida, atletas quando performam utilizam a sua memória de procedimentos. Assim como não precisamos pensar em cada movimento quando andamos de bicicleta ou dirigimos. Igualmente, o atleta também não reflete em detalhes sobre cada movimento que faz no esporte. Ele não usa, a grosso modo, a área intelectual da memória para movimentar-se em competição.
As possíveis origens da pressão
Logo, estudos mostram que as preocupações externas são uma causa do nervosismo e da pressão que sentimos. Assim como essa pressão afeta áreas cognitivas do cérebro, como o córtex pré-frontal, associado à memória de curto prazo. Para atividades intelectuais, precisamos de um certo estoque de memória de curto prazo para que consigamos iniciar uma atividade sem bloqueios.
Os resultados influenciam
Sabemos que dessas preocupações surgem pensamentos ligados à baixa autoestima, capacidade e merecimento. Essas ideias negativas esgotam a capacidade da memória de curto prazo. E é nesse momento que travamos, falhamos ou bloqueamos.
Por outro lado, os atletas também preocupam-se com seus resultados e fracassos. Eles têm pensamentos ligados aos treinamentos e acham que não fizeram o suficiente para ser bem sucedido, e até mesmo imaginam cenas negativas do possível fracasso. Dessa forma, ao invés de bloqueios ou falhas linguísticas, para os atletas uma preocupação externa pode ser o gatilho para algo que afeta sua coordenação motora: a atenção ao detalhe.
Em nível básico, a atenção aos movimentos do esporte é fundamental, porém em alto nível o excesso de atenção atrapalha. Habilidades motoras são motivadas por conhecimento procedural que reside em outras partes do cérebro como os gânglios basais e o sistema motor. Uma vez que o atleta traz à tona pensamentos em relação ao lance ou jogada que deve fazer. Justamente, como lances livres e pênaltis, a pressão de errar e prejudicar o time acende uma atenção exagerada ao movimento e o erro acaba acontecendo.
Então, o que a ciência consegue mapear hoje é que pensar no movimento parece atrapalhar. É como diz o velho slogan da Nike, Just do it (apenas faça). Depoimentos de atletas do basquete, dançarinos, e jogadores de futebol dão conta de que a atenção focada na próxima movimentação acaba com a fluidez do movimento de jogo. E por sua vez, a atenção foi trazida para o movimento por conta de preocupações externas que o jogador foca antes e durante as partidas.
A pressão não é sempre negativa
É importante frisar aqui que a pressão não é um problema. O excesso de pressão e a forma como lidamos com ela é o problema. Sem pressão, sem ansiedade, fica uma sensação de conforto e de pouco esforço, portanto, qualquer resultado serve. Sem elas, o atleta pode tornar-se apático.
Quando existe um sentimento de que o atleta fez pouco durante seus treinos, alimentou-se mal, não gerenciou seus pensamentos, não dormiu bem. Consequentemente, o cérebro buscar no subconsciente, justificativas para focar nesses pontos e nessa hora é que o atleta estará mais propenso ao fracasso ou erro.
O resultado dessa pressão é uma queda no rendimento, algo inferior aquilo que o atleta já fez no passado. Para quem busca uma performance de alto nível, o foco deve ser outro. Nesse ponto, a pressão e a ansiedade devem ser vistas como gatilhos. Isso para que o atleta desperte para uma alta performance nos treinos visando a melhoria constante e o resultado desejado.
Inicialmente, para chegar nesse nível, é preciso que o atleta entenda a importância da inteligência emocional como parte fundamental do seu treino. A capacidade de controlar os pensamentos antes e durante situações de jogo é crucial para o desempenho do atleta de elite. Porém, consciente do que foi feito durante os treinos. Além da capacidade de entrega, o atleta consegue focar apenas em entrar em campo e executar aquilo que treinou.
O que fazer para aliviar a pressão
Portanto, não existe receita infalível para diminuir esse sentimento que atrapalha jogadores e jogadoras em todos os esportes. Porém, é inegável que simular momentos de tomada de decisão e treinar situações onde o atleta está sob pressão, pode ajudar.
Em um trabalho dos psicólogos Joe Johnson e Markus Raab, jogadores de handebol assistiram a vídeos de jogadas de atletas de alto nível. Em determinado momento, o vídeo era pausado e o jogador tinha que imaginar que detinham a bola e determinar qual a melhor decisão a tomar naquela jogada.
Sob o mesmo ponto de vista, os pesquisadores descobriram que as primeiras jogadas sugeridas pelos atletas eram de fato as melhores opções dentro do contexto do vídeo. Isso mostra que nos treinamentos, a atenção ao detalhe pode e deve ser usada para que em campo o desfecho de uma jogada seja bem sucedido também.
Simulações de jogo
Além disso, simular situações tensas durante o treinamento pode ajudar. O treinador Roger Reid, da equipe de basquete da Universidade Southern Utah, nos Estados Unidos, durante amistosos, interrompia o jogo-treino para colocar seus atletas a praticarem lances livres. Sob pena de terem que correr por bastante tempo ao redor da quadra, os jogadores praticavam sob pressão e cada vez mais melhoravam seu rendimento. A equipe de Reid saiu da posição 217 em percentual de acertos para a primeira posição com impressionantes 80% de aproveitamento. Pode parecer uma pequena pressão ter que correr pela quadra caso errassem, mas esse estresse expôs o jogador a uma consequência indesejada e simulou algo que o cérebro dos atletas precisa de fato lidar: a chance de errar e a consequência negativa tão temida.
Portanto, quanto mais os atletas praticarem sob pressão, maiores serão as chances de obter sucesso em momentos de estresse na competição, seja antes ou durante o jogo. Enfim, treinar sob pressão significa muito mais do que ser acostumado com ela. Vai ajudar o atleta a preocupar-se menos com o próprio desempenho. A adaptação a condições mais altas de temperatura e pressão vai tornar o atleta mais autoconsciente durante o treino e permitir que ele repita a performance no momento da competição.
Então para ajudar mais atletas a lidarem com a pressão, compartilhe esse artigo com um treinador ou atleta que precisa saber como lidar com esse problema da maneira correta. Para mais técnicas, dicas e ideias ligadas à alta performance de atletas, me siga no Instagram e fique ligado nos meus stories onde diariamente falo sobre como alcançar a performance de um atleta de elite.